Com a severa crise hídrica enfrentada pelo Brasil em 2024, o Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, está considerando a possibilidade de retomar o horário de verão, extinto em 2019. A medida, que adianta os relógios em uma hora durante os meses de maior luminosidade, era tradicionalmente adotada como uma estratégia para reduzir o consumo de energia elétrica, especialmente no horário de pico.

O retorno do horário de verão está sendo estudado como uma tentativa de evitar racionamentos de energia, já que a escassez de chuvas está afetando severamente os reservatórios das hidrelétricas, responsáveis por grande parte da geração elétrica no país. Embora ainda não haja uma data prevista para a conclusão da análise, o governo sinalizou que a decisão poderá ser tomada nos próximos meses, caso a situação dos reservatórios continue a se agravar.

Pontos a favor do horário de verão

1. Redução do consumo de energia: O principal argumento a favor da volta do horário de verão é a economia de energia, principalmente no período noturno, quando a demanda é mais alta. Com mais luz natural disponível até mais tarde, o consumo de eletricidade tende a diminuir, aliviando o sistema elétrico em momentos críticos.

2. Alívio para o sistema elétrico em horários de pico: O deslocamento das atividades humanas para horários com maior incidência de luz natural reduz a necessidade de uso de energia durante o horário de maior demanda (entre 18h e 21h). Isso pode prevenir sobrecargas e diminuir o risco de apagões.

3. Impacto positivo para o turismo e o comércio: O setor de turismo e comércio geralmente apoia o horário de verão, pois o aumento de luz natural incentiva as pessoas a permanecerem nas ruas e consumirem por mais tempo, impulsionando a economia local.

4. Possível prevenção de racionamento: Em um cenário de crise hídrica, qualquer medida que ajude a economizar energia pode ser crucial para evitar racionamentos, como os vividos em momentos de escassez no passado.

Pontos contra o horário de verão

1. Economia de energia reduzida: Estudos recentes, inclusive os que embasaram a decisão de 2019 de extinguir o horário de verão, indicam que a economia de energia proporcionada pela medida é muito menor do que se acreditava no passado. Com o aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado, a demanda por eletricidade no início da noite compensaria a economia feita durante o dia.

2. Impactos na saúde e no bem-estar: A mudança brusca de horários pode causar desconforto, como cansaço, dificuldades para dormir e alterações no ritmo circadiano das pessoas. Estudos apontam que a alteração do relógio biológico pode gerar efeitos negativos sobre a saúde, especialmente no início do período de adaptação.

3. Alteração da rotina de diversas atividades: Setores como o agronegócio, especialmente aqueles que dependem de horários naturais para produção, relatam que a mudança de horário pode desorganizar suas rotinas, gerando impactos na produtividade.

4. Baixo impacto em certas regiões do Brasil: Em regiões mais próximas à linha do Equador, onde a variação na quantidade de luz solar ao longo do ano é menos significativa, o horário de verão traz poucos benefícios, já que os dias permanecem com a mesma duração.

Discussões em curso

A avaliação do Ministério de Minas e Energia ainda está em andamento, mas já desperta debate entre os setores diretamente impactados. De um lado, defensores da medida veem o horário de verão como uma forma de mitigar os efeitos da crise hídrica, que já começa a afetar diversas regiões do Brasil. De outro, críticos argumentam que a economia de energia gerada seria insuficiente para justificar o retorno de uma medida que, segundo especialistas, já teria perdido sua eficácia em tempos de maior consumo de eletrônicos e climatizadores.

Para os próximos meses, o governo deve levar em conta não apenas a crise hídrica, mas também o cenário econômico e social, além dos possíveis impactos sobre a saúde e o bem-estar da população, antes de tomar uma decisão definitiva sobre o retorno do horário de verão.

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