Portugal destaca-se como um dos países com o ritmo de envelhecimento populacional mais acelerado do mundo. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021, 23,4% da população residente em Portugal já tinha 65 anos ou mais. As projeções para o futuro indicam que esse cenário tende a se agravar, com a estimativa de que em 2080, essa parcela da população atingirá 36,8%.
Mais de 2 milhões de portugueses acima de 65 anos: um retrato do envelhecimento populacional
Dados recentes da ONU revelam que Portugal se encontra numa posição preocupante em relação ao envelhecimento da sua população. Mais de 2 milhões de portugueses já ultrapassaram os 65 anos, o que representa o 4º maior contingente entre os 50 países analisados. Essa realidade coloca Portugal entre as nações com o ritmo de envelhecimento mais acelerado do mundo.
Proporção de idosos: um indicador ainda mais alarmante
Embora o número total de idosos seja expressivo, a situação se torna ainda mais preocupante quando se observa a proporção de pessoas com 65 anos ou mais em relação ao total da população. Nesse quesito, Portugal assume o 4º lugar no ranking mundial, ficando atrás apenas do Japão, Itália e Finlândia. Essa alta proporção de idosos gera diversos desafios para o país, como:
- Pressão sobre o sistema previdenciário e de saúde: O aumento da população idosa leva ao aumento da demanda por serviços de saúde e previdência social, o que pode comprometer a sustentabilidade desses sistemas.
- Redução da força de trabalho: Com menos pessoas em idade ativa, a força de trabalho diminui, o que pode afetar a produtividade e o crescimento da economia.
- Aumento do isolamento social: O envelhecimento da população pode levar ao aumento do isolamento social e da solidão entre os idosos, afetando sua qualidade de vida.
Fuga de talentos em busca de um futuro melhor
Um estudo recente revela um dado preocupante para o futuro de Portugal: mais da metade (54%) dos jovens portugueses entre 18 e 34 anos que residem no país cogitam trabalhar fora em busca de melhores inovações e oportunidades. Essa fuga de cérebros, intensificada pela alta escolaridade desses jovens contrastando com os baixos déficits internos, representa um grande desafio para o desenvolvimento do país.
Fatores que impulsionam a migração: além do salário, a busca por qualidade de vida
Embora a busca por melhores progressos seja um fator preponderante, outros aspectos também influenciam a decisão dos jovens portugueses de migrar. Entre os principais motivos estão:
- Falta de oportunidades de trabalho: A alta taxa de desemprego, principalmente entre os jovens, limita as oportunidades no mercado de trabalho português.
- Baixa qualidade de vida: O alto custo de vida, especialmente em grandes cidades como Lisboa, torna difícil para muitos jovens manter um padrão de vida esmagador.
- Falta de reconhecimento profissional: A desvalorização profissional e a dificuldade de ascender na carreira também apontada para a insatisfação dos jovens.
- Busca por novas experiências: O desejo de conhecer novas culturas, aprender novos idiomas e expandir horizontes também motiva a migração de jovens portugueses.
Países europeus como destino principal: fuga de cérebros
Os principais destinos dos jovens portugueses que migram são outros países da Europa , como França, Espanha, Alemanha e Reino Unido. Esses países oferecem melhores empregos, mais oportunidades de trabalho e uma qualidade de vida geralmente superior a Portugal.
A fuga de cérebros representa um desafio significativo para o desenvolvimento de Portugal . A perda de jovens talentos em áreas como engenharia, tecnologia, medicina e outras áreas do conhecimento pode melhorar a competitividade do país no mercado global. Além disso, a migração desses jovens contribui para o envelhecimento da população portuguesa, o que aumenta a pressão sobre o sistema previdenciário e de saúde.
A imigração como estratégia para combater o envelhecimento
Diante desse desafio, Portugal tem apostado na imigração como uma das soluções para amenizar os efeitos do envelhecimento populacional e promover o desenvolvimento do país. A imigração contribui para:
- Aumentar a população ativa: A entrada de imigrantes em idade ativa ajuda a equilibrar a pirâmide etária e a garantir a força de trabalho necessária para o funcionamento da economia.
- Reduzir a pressão sobre os sistemas previdenciários e de saúde: A chegada de jovens imigrantes contribui para aumentar a base de contribuições e aliviar a pressão sobre os sistemas previdenciários e de saúde.
- Promover a diversidade cultural: A imigração rica para a cultura do país, trazendo novas perspectivas e costumes, além de contribuições para a gastronomia, as artes e outros setores.
Dados positivos: a imigração já faz a diferença
Os dados demonstram que a imigração já está contribuindo para desacelerar o processo de envelhecimento em Portugal. Em 2021, quase 14% dos bebês nascidos no país eram filhos de mães estrangeiras. Essa parcela da população representa um novo futuro para Portugal, com mais crianças e jovens crescendo e se integrando à sociedade.
Desafios para se destacar na investigação de imigrantes
Apesar dos benefícios da imigração, Portugal enfrentou alguns desafios para se destacar na coleta de mão de obra estrangeira em comparação com outros países da Europa Ocidental. Entre os principais obstáculos estão:
- Salários menos competitivos: Em geral, os empregos em Portugal são inferiores aos de outros países da Europa Ocidental, o que pode estimular a imigração de profissionais interessados que buscam melhores oportunidades financeiras.
- Dificuldades de acesso à moradia: A escassez de habitação, especialmente nas grandes cidades como Lisboa, dificulta a vida dos imigrantes e pode ser um fator de desmotivação para aqueles que pensam se mudar para Portugal.
- Barreiras linguísticas: O português, língua oficial de Portugal, pode ser uma barreira para alguns imigrantes, dificultando sua integração na sociedade e no mercado de trabalho.
- Falta de reconhecimento de diplomas estrangeiros: O reconhecimento de diplomas estrangeiros no país pode ser um processo burocrático e demorado, o que desmotiva alguns imigrantes estrangeiros.
- Dificuldades de integração à sociedade: A falta de políticas públicas de integração pode dificultar a adaptação dos imigrantes à vida em Portugal, levando à exclusão social e à frustração.
Um futuro certo: perspectivas para o envelhecimento populacional
Estima-se que, entre 2020 e 2040, a população com mais de 65 anos aumentará em 25%, enquanto a população em idade ativa diminuirá em 10%. Embora as propostas indiquem a continuidade do envelhecimento populacional em Portugal, ainda existe a possibilidade de reverter essa tendência e alcançar uma estrutura demográfica mais equilibrada até o final do século. Para isso, algumas medidas podem ser tomadas:
- Incentivar a natalidade: Políticas públicas que facilitam a conciliação entre a vida profissional e familiar, como creches acessíveis e licenças-maternidade e -paternidade mais longas, podem contribuir para o aumento da taxa de natalidade.
- Aumentar a imigração: A imigração de jovens em idade ativa pode ajudar a equilibrar a pirâmide etária e a garantir a força de trabalho necessária para o desenvolvimento do país.
- Promover o envelhecimento ativo: Investir em programas de saúde preventiva, educação continuada e atividades físicas para a população idosa pode contribuir para que os idosos se mantenham saudáveis, independentes e produtivos por mais tempo.
- Investir em inovação e tecnologia: A adoção de novas tecnologias no mercado de trabalho pode ajudar a compensar a falta de mão de obra em alguns setores e aumentar a produtividade.
Redator Chefe
Marcelo Vicente de Souza
Mestre em Política Social | Universidade de Lisboa
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